by Max Barry

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by The Republic of Ofiussia. . 34 reads.

O Amor - Lusoescrita ou whatever

Dedicado ao Alentejo and Algarve e ao Partido Anarcoqueer


- Sr. Primeiro Ministro, o que acha dos comentários feitos pelo líder do Partido Trabalhista?
- Sr. Primeiro Ministro, como estão a progredir as negociações com os Comunistas a Sul?
- Sr. Primeiro Ministro, podia dizer alguma coisa sobre a sua viagem ao Brasil para a Cimeira da Comunidade Lusófona?
- Sr. Primeiro Ministro, o que é o Amor?


Henrique chegara a casa numa sexta feira à tarde após um dia cansativo. Ele fazia o que gostava, mas o trabalho era esgotante e Henrique sentia que estava à beira de um colapso. Pensava que precisava de umas férias. De umas férias, dizia ele. Talvez o acampamento do Partido Radical, marcado para o Sábado seguinte lhe ajudasse a descomprimir. Trabalho, trabalho e trabalho, mas ao menos aquilo ia-lhe custar menos do que as longas conferências com os embaixadores dos comunistas a sul ou com os parceiros da oposição que, além que lhe levarem a paciência, levavam-lhe ainda o dinheiro que tinha que gastar em bolachas para gerar bom ambiente.


Tudo estava pronto para o tal acampamento e Henrique apenas pensava em aproveitar o momento. Para todo o evento, Henrique tinha apenas marcados 2 discursos, um na abertura e outro no encerramento, o que lhe dava uma semana inteira para finalmente ter o descanso que merecia.

Chegara e preparava-se já para o discurso, quando um rapaz com uns 25 anos se aproximara dele.

- Precisa de ajuda com alguma coisa? - perguntou o rapaz.

O rapaz era dos mais bonitos que Henrique havia visto, e ele ficou logo encantado com a imagem deste rapaz.

- Claro, ainda não sei bem é no quê.

O rapaz soltou uma gargalhada. Henrique estava encantado. Se havia amor à primeira vista... não, isso é uma ideia parva, essas coisas não existem.

- Olhe, se quiser eu ajudo-o a organizar-se.
- Não me precisas de tratar assim tão formalmente, somos praticamente da mesma idade.

E eram. Henrique era dos políticos mais novos de toda a Ofiussia, chegando ao poder após um congresso bastante contestado e a queda de um governo pouco depois, o que levou à sua eleição, por poucos votos, como o novo Primeiro Ministro de Ofiussia. Mas o trabalho não era fácil. Crises políticas eminentes, o apoio de um partido que ajudou a mandar a baixo o governo anterior e que está ansioso por retornar aos seus tempos de glória, não tão longínquos quanto parecem.

- Pareces tenso, queres que eu vá buscar alguma coisa para beber?
- Vai buscar algo para ti também. E não bebo café!

O rapaz saiu e Henrique ficou só. E essa solidão fez-lhe perceber o quão só estava. Não tinha ninguém, estava deprimido e isolado. Precisava de encher esse vazio dentro de si.


Henrique saia do palco perante uma multidão a aplaudir. Era de noite, a lua brilhava e o céu estava estrelado, mas Henrique não conseguia pensar noutra coisa sem ser aquele rapaz. Não lhe tinha apanhado o nome. Precisava de o voltar a ver.

Para sua surpresa, quando estava a caminho da sua tenda, este rapaz viera ter consigo. Por momentos chegou a perguntar-se se ele não teria mais que fazer, mas todos esses pensamentos se desvaneceram quando lhe foi feito um convite.

- Posso acompanhar-te à tua tenda?
- Só se me disseres o teu nome.
- Humberto.
- Humberto? Como o Delgado?
- Sim, Humberto como o Delgado.

Falaram de tudo o que havia por falar... bem, não tudo. A mente de Henrique não estava em paz ainda, e queria conhecer melhor Humberto. Foi então que, quando chegaram junto à tenda, Humberto beijou-o. Um beijo leve primeiro, mas que foi seguido de muitos mais dentro da tenda, já onde ninguém os podia ver. E beijaram-se profundamente. Henrique sentia algo. Henrique sabia que sentia algo. Henrique amava.


No dia seguinte, Henrique acordou abraçado a Humberto. Pela primeira vez em anos, Henrique sentia que não estava sozinho. Seria aquele sentimento mútuo? Precisava de saber. Mas queria saber?


- Eu nem acredito que um jornalista me faz essa pergunta. O amor é um sentimento pessoal, mas transmissível. Todos o sentimos, porque sem ele não vivemos. Amem muito. Nunca se esqueçam disso.
- Sr. Primeiro Ministro, então e as nossas perguntas?

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